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sábado, 22 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 6: Karina Buhr

6 - Karina Buhr
16/05/10 - Virada Cultural, São Paulo
25/09/10 - Teatro Rival


Karina Buhr - 16/05/10


Em dezembro de 2008 recebi de Karina Buhr um cd-demo com seu trabalho solo. Karina Buhr é (ou era?) líder da Comadre Fulozinha, grupo pernambucano originalmente de meninas fazendo músicas de forte sotaque regional, com a presença predominante de instrumentos de percussão.



Na última encarnação da Comadre já havia mais espaço para instrumentos de corda e sopro e até homem entrou no clube da Luluzinha. Karina, que nasceu na Bahia, mas viveu em Pernambuco, na efervescência da cena musical de Recife dos anos 90, já está há algum tempo radicada em São Paulo, tendo feito parte, entre outras coisas, do Teatro Oficina, companhia teatral do diretor Zé Celso Martinez Corrêa.


Karina Buhr- 25/09/10


Demorei um pouco até escutar apropriadamente o cd solo de Karina, mas quando ouvi senti uma profunda ligação com todo aquele estranhamento e beleza de letras completamente inesperadas e instrumentação original. Só este ano, com o cd oficial nas ruas e computadores é que chegou a vez de ver ao vivo aquelas faixas e mais algumas novas.


Karina Buhr - 16/05/10


Karina Buhr viveu três mundos diferentes. O dos maracatus e cocos com muitas cores e sol quente; o mundo das encenações e ensaios de outras vidas do teatro; e a dureza cinza e fumacenta de uma cidade em que todo mundo parece ter um objetivo a conquistar, nem que seja só um álibi para não ser esmagado.


Karina Buhr- 25/09/10


Ela sobe no palco da Virada Cultural, uma da tarde, logo depois de Nervoso e Os Calmantes mostrarem suas melhores músicas em um curtíssimo espaço de tempo, em um palco que fica montado em outra ponta da mesma rua. Ela sobe no palco do Teatro Rival à uma da madrugada, com casa surpreendentemente cheia, pelo menos para quem não conhece a força da colônia de Recife & simpatizantes por aqui.


Karina Buhr - 16/05/10


Uma da tarde ou da manhã, Karina Buhr no palco é um pouco do mundo colorido dos maracatus, um pouco de teatro de passos pensados e um pouco de realidade crua e gritante, sem que nada disso seja maior do que sua música. Com figurino que lembra algo entre Cindy Lauper, Nina Hagen e Lovefoxxx, é ela que chama a atenção em cima do palco.


Karina Buhr- 25/09/10


Mas não dá para deixar de reparar que junto dela estão dois dos maiores guitarristas brasileiros na atualidade, Fernando Catatau e Edgard Scandurra. Scandurra sempre com notas elegantes escolhidas para berrar na hora certa. Catatau na procura do timbre perfeito, com um maquinário de ficção científica para fazer sua guitarra soar do jeito ideal.


Karina Buhr- 25/09/10Karina Buhr- 25/09/10


Para quem no cd-demo nem mesmo tinha uma guitarra, Karina agora está causando inveja. E ainda tem Guizado, o inventivo trompetista fazendo inserções sonoras que chegam a soar melhor do que no trabalho solo dele.


Karina Buhr - 16/05/10


Só que não adianta, é ela quem encanta, na intepretação dedicada de suas próprias composições. Os maiores momentos de sintonia desse todo, tanto ao ar livre quanto na escuridão do Rival, acontecem em “Esperança Cansa”, muito mais potente que o registro em disco, com um clima de "Idioteque" do Radiohead; “Plástico Bolha”, que quando sai do reggae maroto e entra no ska festivo é a senha para praticamente um carnaval de ladeira (Santa Teresa ou Olinda, você escolhe); e “Ciranda do Incentivo”, de letra irônica e com batidão de funk carioca, que faz Karina entregar o corpo todo ao ritmo.


Karina Buhr - 16/05/10



Se, como canta em “O Pé”, “a gente pula contra a vontade do chão”, a culpa é dela.

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