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domingo, 16 de janeiro de 2011

25 shows nacionais de 2010 - 12: Desengonçalves

12 - Desengonçalves
15/05/10 - Virada Cultural, São Paulo


Desengonçalves - 15/05/10


Vez ou outra fico me perguntando porque cometo a mesma loucura, há três anos seguidos. Desde 2008, em um fim de semana em volta de abril e maio, alguma coisa acontece no meu coração que me faz cruzar a Ipiranga e a Avenida São João. E a Praça da República, o Teatro Municipal, a Praça da Sé, a Estação da Luz, a Cásper Líbero, o Largo do Arouche...



Atravesso todos esse lugares e mais uns outros por mais de 24 horas durante a Virada Cultural de São Paulo. Um final de semana, de 18:00 de sábado às 18:00 de domingo, com programação cultural ininterrupta, no centro histórico da capital paulista. Dezenas de shows espalhados em diversas palcos, com uma curadoria que – milagre! – entende do que faz.



Da primeira vez que fui fisgado o motivo era a programação do Teatro Municipal, com artistas tocando discos clássicos na íntegra. Mas acabei nem ligando muito pra isso no fim das contas quando soube que em outros palcos ia ter a Banda de Pífanos de Caruaru. E Siba e a Fuloresta. E também Superguidis, Do Amor e mais uma dúzia de shows bacanas. Era impossível não ir.



Em 2009 havia um pouco menos de atrações interessantes, comparando com o ano anterior, mas se tornou irresistível por dois motivos. Um dos motivos era a chance de ver Leno tocar o clássico cultuado Vida e Obra de Johnny McCartney na íntegra, no palco dedicado a toda a discografia de Raul Seixas, que foi o produtor do disco.



De “brinde” assisti em dois dias Nação Zumbi, Benito di Paula, Trio Mocotó, Reginaldo Rossi, Comadre Fulozinha, Arrigo Barnabé e o segundo motivo para fazer essa maratona, que era uma reunião quase completa dos Novos Baianos.



Infelizmente, apesar do alto nível das escolhas musicais, dessa vez a produção da prefeitura deixou muito a desejar, com poucos banheiros e muita, mas muita sujeira, me deixando em dúvidas sobre vir novamente em 2010. Então a programação sai. Nota-se que o investimento diminuiu em relação aos anos anteriores, apesar da organização continuar com vários acertos na escalação dos palcos.



Mesmo assim não havia muito que me tirasse do Rio de Janeiro. É quando eu vejo a descrição de um dos shows no Largo do Arouche que começo a balançar mais forte pela Virada. André Abujamra fazendo versões de Nelson Gonçalves? O nome do lance é Desengonçalves, e somado aos outros shows potencialmente legais (Booker T., Karina Buhr, Cantoria) determinou o veredicto: vamos a São Paulo.



Depois de ver a OBMJ e umas poucas músicas de Lupicínio Rodrigues cantadas por Arrigo Barnabé (ouvir “Esses Moços” foi simplesmente fantástico) e o final do Caldo de Piaba, saí do show do Detetives para voltar ao Largo do Arouche (onde tinha sido o Arrigo) para o Desengonçalves.


Desengonçalves - 15/05/10


Cantar o repertório de Nelson Gonçalves, um dos maiores intérpretes que o Brasil já teve, é cantar boa parte da História da música brasileira. “Amélia” e “Naquela Mesa”, por exemplo, foram sucessos em muitas outras vozes.



Aí é que Desengonçalves mostra a que veio: enquanto André Abujamra se ocupa com a guitarra e programações eletrônicas e ser o mestre de cerimônias, a tarefa de cantar cabe a Guilhermoso Wild Chicken (!), com uma voz empostada bem ao estilo do eterno cantor da (e de) boemia.


Desengonçalves - 15/05/10


Porém, além da semelhança vocal, o resto todo é desconstruído. Vestidos como empregados de um restaurante, o grupo, que ainda tem como destaque o guitarrista Mano Bap, faz de gato e sapato canções como “Nem Às Paredes Confesso”, “Boneca de Pano” e “Normalista”.



Tudo vira aquilo que menos se pode esperar, entre rock com elementos eletrônicos e hardcore demencial. “Negue” vira um reggae-dub-noisy e mostramos um vídeo aqui na época. Ou seja, além de emocionar ouvir tantos clássicos, faz rir pra cacete, ainda mais com o jeito empolado de falar de Guilhermoso e as intervenções entre as músicas feitas pelo aniversariante Abujamra.


Desengonçalves - 15/05/10


No melhor deles, André vai vertendo para o inglês os versos declamados por Guilhermoso na música “Boneca de Pano”, criando frases absurdas. Não sei se vou na Virada Cultural 2011, mas atrações como essa respondem a pergunta do início do texto.

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