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terça-feira, 1 de junho de 2010

Hermeto Pascoal - Copa Fest (16/04/10)

Hermeto Pascoal - 16/04/10


O Copacabana Palace é um dos mais tradicionais e antigos hotéis luxuosos do Rio de Janeiro. Pelo seu tamanho e sua história, deveria ser considerado um ponto turístico da cidade, mas talvez, por todo seu tradicionalismo, iniba visitantes a darem um passeio por suas dependências.



Eu mesmo nunca tinha pensado dessa forma até me deparar com a notícia do Copa Fest, festival de música instrumental que aconteceu em abril em um dos salões do hotel. Oportunidade perfeita para, além de ver como o Copacabana Palace é por dentro, conferir um (cada vez mais raro por aqui) show de Hermeto Pascoal.



Apesar da programação do festival ser voltada a instrumentistas de jazz, bossa nova e mpb, a idade média dos presentes era um pouco mais baixa do que se poderia supor. O número de pessoas dispostas a beber algo também devia ser menor que o normal por lá. Uma garrafa de água custava 7 reais. Uma garrafa de champanhe podia custar mais de 300 reais. Mesmo assim alguns grupos bebiam champanhe animadamente ouvindo o som colocado pelo coletivo Vinil é Arte no salão do lado do local dos shows.



Com algum atraso em relação ao horário marcado, o sexteto que acompanha Hermeto Pascoal vai entrando no palco, onde o que chama atenção naturalmente é a espécie de banca suspensa de instrumentos de percussão inusitados. Serrote, tampa de panela, sinos e peças não-identificáveis. Mas se engana quem acha que o show é feito só de bater nesses objetos.



O restante da banda, composta de bateria, baixo, sax, piano e uma vocalista é bem mais significativa nessa história. Os seis músicos jogam uma enxurrada de notas e ritmos preparando a entrada de Hermeto, que comanda um teclado e dá ordens para a banda como se fosse o maestro de um hospício sonoro.



Quando ele fez sinal para que todos os músicos parassem e só o piano tocasse - e no piano não havia espaço para silêncio ou pausas - foi que fui fisgado por aquele som e permaneci emocionalmente abalado por mais uma meia hora com cada movimento vindo do palco. A música toma forma de jeito que eu não lembrava de ter visto antes e num instante se desmanchava para se transformar em outra coisa.


Hermeto Pascoal - 16/04/10


A exploração dos limites da imaginação chegou até o ponto em que Hermeto sozinho com seu teclado improvisava acordes grandiosos e inventava e adaptava versos de amor ao Rio e Copacabana. Depois disso, tudo, tudo que acontece quando ele ou o percussionista tira sons de tamancos, chaleiras ou patinhos de borracha é divertido, mas a prova que a música tem infinitas possibilidades já havia sido dada na vertiginosa meia hora inicial.


Hermeto Pascoal - 16/04/10


No fim, Hermeto e os músicos descem do palco até uma saída lateral, cada qual tocando um instrumento acústico. Mesmo muito tempo depois dos aplausos terminarem é possível ouvir bem baixinho que eles ainda estão tocando, onde quer que estejam dentro do Copcabana Palace.

E acho que dois meses depois eu ainda posso ouví-los tocando baixinho por aqui.

Fotos: Hermeto Pascoal - 16/04/10

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