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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Little Joy no Circo Voador - 06/02/09

Little Joy - 06/02/09



Quando um pouco depois ou antes de uma da manhã o Little Joy terminou o show no Circo Voador, uma coisa estranha aconteceu. Nos fins de show no Circo, que infelizmente costumam terminar bem mais tarde que isso, costuma haver uma espontânea e rápida evacuação do local. Em poucos minutos o lugar vai esvaziando. Ontem foi diferente. O show terminou e as pessoas simplesmente ficaram ali do lado de fora da lona, conversando e bebendo. Pode parecer papo de hippie, mas é como se elas quisessem estar ali um pouco mais, sentindo a energia do lugar, depois de verem momentos emocionantes de um cantor reencontrando sua cidade e sendo tão bem recebido. Mas vamos voltar a fita um pouco.


"Rio de Janeiro! É muito bom estar de volta!", foram as primeiras palavras de Rodrigo Amarante ao público carioca desde... sei lá, muito tempo. Tempo que serviu para aguçar a vontade dos fãs de Los Hermanos em revê-lo. Some-se a isso a presença de Fabrizio Moretti trazendo fãs do Strokes, e os fãs das duas bandas: o resultado foram 2000 ingressos esgotados e muito mais gente do que isso dentro do Circo. Talvez houvesse uma boa parte que estava lá dentro se importando menos com a música e mais com os músicos. Nada mais do que justo, afinal de contas os trabalhos de suas bandas principais deram estofo e respaldo para que as pessoas tenham curiosidade e queiram conhecer o que eles estão fazendo.


E na verdade isso é ótimo, porque o som do Little Joy é bacana e merece essa atenção. Ganharam interesse por conta do nome dos envolvidos, mas mantiveram esse interesse por conta da qualidade. O show, mesmo com uma distribuição de músicas mais animadas nos momentos certos dentro do setlist, é na maior parte do tempo calminho, uma espécie de folk de bar ambientado por grupos dos anos 60 pré-psicodélicos. Mas a devoção do público transforma em música de arena até "Unattainable", cantada por Binki Shapiro, namorada de Fabrizio e último elemento do trio, que no palco conta com mais três músicos ajudando no baixo, guitarra e bateria. Amarante além da guitarra às vezes vai pro teclado de Binki e Fabrizio toca quase o tempo todo uma guitarra de 4 cordas (guitarra tenor).



Little Joy - 06/02/09 - Binki Shapiro


Little Joy - 06/02/09 - Fabrizio Moretti



Fabrizio, além de tocar a guitarra tenor e fazer os backing vocals, demonstra uma boa presença de palco. Atrás, com as baquetas no Strokes não há muito o que fazer, mas ali na frente como Little Joy ele conversa com o público, chega a se sentar na beira do palco enquanto toca “Don’t Watch Me Dancing”, para felicidade da turma do gargarejo, e arrisca ser a voz principal em “This Time Tomorrow”, cover do Kinks que de certa forma dá a dica da sonoridade que a banda parece buscar.


Mas o personagem principal dessa história acaba sendo Amarante. Little Joy é pequena alegria, mas em Amarante a alegria parecia imensa. Ele e Fabrizio entraram vestidos com ternos, mas Amarante entra também vestido com um sorriso aberto, que permanece mesmo enquanto canta, e ver alguém cantando desse jeito é gratificante. O paletó não resiste o calor infernal do Circo até o final, mas o sorriso vai até o fim. Apesar da maioria do repertório em inglês o que vemos ali é o Amarante do Los Hermanos, com as dancinhas esquisitas enquanto toca guitarra e a voz arrastada e bêbada dentro das melodias.


O universo que Amarante criou para essa turnê brasileira também lhe deve ser aconchegante: discotecagem de Maurício Valladares e abertura com o Cidadão Instigado, dos fantásticos timbres de guitarra de Fernando Catatau, que fez um show muito curto do qual só consegui assistir a última música. No bis da Little Joy, “Evaporar”, a única totalmente em português traz o ruivo sozinho ao palco e é como se fosse Los Hermanos da turnê do disco 4 novamente: gritos ensurdecedores antes de começar a tocar e coro mais alto que a voz no microfone. Tudo isso para uma música calma, quase acústica, parente próxima das músicas que Marcelo Camelo, que assistiu a tudo na parte de cima do Circo Voador, fez para o último disco do Los Hermanos e para seu trabalho solo.



Little Joy - 06/02/09 - Rodrigo Amarante

Little Joy - 06/02/09 - Rodrigo Amarante



E por mais que haja esse fanatismo - e aqui não falo de fanatismo de forma pejorativa; na verdade é uma pena que não hajam outros artistas que gerem esse tipo de comoção e mobilização em torno de sua obra hoje em dia no Brasil - ele vem de forma respeitosa e um pouco reverencial até. Somente um ou outro gritam por músicas das bandas de origem dos dois, como "Onze Dias" e "Last Nite". Mas Fabrizio põe esse respeito todo por terra no fim do show, ao ir para o microfone e começar a cantar os versos iniciais de "Último Romance". Não é preciso mais nada para que o Circo inteiro cante a música diante de um Amarante visivelmente emocionado que fica ali brincando com Fabrizio, mas ao mesmo tempo recebendo de presente mais de mil vozes cantando sozinhas uma música sua. Quando o público pára, Amarante fica ali ainda mais um tempo agradecendo, olhando os rostos das pessoas, acenando... e sorrindo. Grande alegria e dá pra imaginar como vai ser na Praça da Apoteose em março com Los Hermanos.


Little Joy - 06/02/09


Little Joy - 06/02/09 - Binki Shapiro

Little Joy - 06/02/09


Setlist:

Play The Part
Next Time Around
How To Hang A Warhol
No One's Better Sake
Unattainable
Shoulder To Shoulder
With Strangers
Keep Me In Mind
Walking Back To Happiness
This Time Tomorrow
New Song
Don't Watch Me Dancing
----------------------------------
Evaporar
Brand New Start
Último Romance

Um comentário:

Helder Dutra disse...

camarada.

tu escreve bem.

se pudesse te daria um abraço.

como não posso, os mando por aqui: abraços.

até.