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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Humaitá pra Peixe + Circo Voador (25 e 26/01/08)

Ainda não era carnaval, mas o samba já dominava a cidade e não foi diferente no Festival Humaitá pra Peixe e no Circ... Bom, no Circo Voador foi diferente sim. Mas comecemos com a noite de sexta-feira na Sala Baden Powell.



Fino Coletivo fez um show bem melhor que o anterior que tinha visto, se aproximando da qualidade do CD de estréia, lançado ano passado. Tocando praticamente todo o CD, mais um cover de Lucas Santtana (a indefectível "Lycra-limão") e músicas como "Se Vacilar O Jacaré Abraça", de Wado, ex-integrante do grupo e ao mesmo tempo a presença mais constante do Fino, que é uma conjunção de seus sambas-disfarces com a melancolia das melodias de Marcelo MoMo Frota e a inventividade do violão cheio de efeitos de Alvinho Cabral.


Wado ainda aparece nas ótimas projeções do telão enquanto a banda toca "Uma Raiz, Uma Flor". O trabalho vocal da banda impressiona, com revezamento entre os vocalistas e o show fica menos cansativo por alternar as músicas mais dançantes no estilo quase-samba-quase-funk com músicas mais calmas, que funcionaram muito bem na Sala Baden Powell.



Apesar de chegar na metade final do show de Diogo Nogueira, no mesmo festival, no dia seguinte, foi possível constatar algumas coisas:
Diogo Nogueira tem a voz mais interessante do samba atual. O tom grave é muito semelhante ao do pai, João Nogueira, e Diogo não parece ter medo das comparações pois a usa quase sempre. Quando tenta algo diferente é que acaba sendo um problema, pois acaba fazendo gracejos vocais típicos de pagodeiros melosos. Felizmente, poucas vezes.







Mas isso não pareceu ser um problema para o público presente, que deu a impressão de ser o maior do Humaitá pra Peixe, com a terceira idade em peso no local para ver, afinal, um artista mais popular do que a média das apresentações do Festival, terminando com todo mundo em pé cantando "Vou Festejar", de Jorge Aragão.



Mais tarde, no Circo Voador, entrava o Cidadão Instigado. Nos dois shows anteriores que vi deles ainda não tinha batido bem as influências do brega de estirpe nordestina e do progressivo com timbragens típicas dos anos 70. Desta vez tudo pareceu mais conciso, e as longas passagens instrumentais, necessárias.







A melhor música sempre acaba sendo "O Pobre Dos Dentes De Ouro", que não é nem brega, nem progressivo. Na verdade começa como uma rumba e no meio se transforma numa batida hip-hop anos 80, sem mudar andamento ou melodia. Voltando às timbragens, impressiona o som que Fernando Catatau tira de sua guitarra.



Não à toa, ele já contribuiu em trabalhos de Los Hermanos e Hurtmold, por exemplo. Mas para mim o destaque da banda continua sendo o baterista Clayton Martins, especialmente nos momentos mais barulhentos nas músicas.







Tom Zé deve ter feito um roteiro muito bem construído para o show com as músicas do disco Danç-Eh-Sá (cd já comentado aqui no blog). É de se supor que um dia ele cumpriu à risca o que fora ensaiado, mas parece que a cada show ele vai acrescentando novas improvisações e esquecendo outros números, numa senilidade empática agradável para quem já havia visto o show da turnê desse disco anteriormente.



É verdade que o show que ele trouxe desta vez para o Rio de Janeiro se chamava Turistofagia - O Turista Comendo o Rio (que ele confunde e chama da turistologia, para um tempo depois corrigir), mas tudo não passa de algumas novas explicações para algumas das mesmas músicas que ele toca no Danç-Eh-Sá. E para cada música há uma história para contar, uma teoria, uma preparação para o que o público vai ouvir.







Como já virou praxe, ele entra e sai do palco com os versinhos que fez especialmente para o lugar: "Foi no Circo Voador, voador, voador / Que encontrei o meu amor, meu amor, meu amor".



Além das músicas do disco novo e alguns clássicos que ele parece gostar de tocar sempre ("Politicar", "2001", "Augusta...", "Fliperama"), Tom Zé ainda apresenta no início de improviso enquanto a banda se ajeita no palco a música "Tô" e lá pelo fim a música "Hein", duas canções do cultuado disco "Estudando O Samba", um samba bem diferente do Fino Coletivo e do Diogo Nogueira. Um samba feito para cidadãos instigados.



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